Com tudo o que aconteceu nos últimos meses, senti-me muito perdida. A incerteza, que o coronavirus veio injectar nas nossas vidas, afectou-me muito (tal como afectou a maior parte das pessoas). Pensei várias vezes em vir aqui escrever, para desabafar. Mas abria a página principal da SAPO e só via "Coronavírus: o que ainda não sabemos", "Nada vai voltar ao normal" ou, os meus favoritos, "Isto é tudo um esquema governamental para voltarmos à ditadura".  Não conseguia lidar positivamente com estes título e acabava sempre por fechar a página.

Não me fechei só para com o blog. Fechei-me para com o mundo dos media no geral. Já não aguentava ouvir o número de mortos diariamente. Já não aguentava ouvir as percentagens de contágio e as mil e uma teorias que apareciam. Primeiro tinhamos que manter 1,5m de distância entre pessoas, entretanto já era transmissível em raios de 3m e, finalmente, temos é que usar sempre máscara e esperar pelo melhor. 

Falando em termos tecnológicos, senti que o meu cerebro era um browser com demasiadas tabs abertas. Decidi fechar umas quantas para me concentrar nas que poderia "trabalhar". Concentrei-me na minha família, amigos, no meu namorado e em mim. 

Não estou agradecida ao COVID. Acho que ninguém pode dizer tal coisa. Ou, dizendo, o contexto terá que ser muito específico. Mas, de facto, obrigou-me a parar. Pensar. Restabelecer prioridades. Respirar fundo. Apreciar pequenas coisas, como ver a minha mãe a dormir no sofá da nossa casa, tal como está agora. E relembrou-me algo interessante: eu já fui muito feliz a escrever aqui. Vou tentar novamente ser feliz aqui.