Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A Casa da Cabrita

A Casa da Cabrita

Qui | 17.09.20

És parecida com a tua família?

Rita

Acho uma pergunta estranha. Pelo menos, a minha família tem várias personagens, com muita personalidades diferentes, e que me influenciaram bastante em vários momentos da minha vida. Sinto que somos todos parecidos em termos de gostarmos muito de estar em família, de ficarmos todos doidos quando nos juntamos todos e de querermos saber as novidades de todos. 

Acho que tenho traços característicos dos meus pais e adoro. Quando era adolescente tinha a mania que era diferente e ninguém me compreendia (não passamos todos por isto?), mas agora, sempre que noto que acabei de fazer ou dizer que seria tipicamente feito ou dito pela minha mãe ou pai, fico derretida. 

Assim, adoro ser "parecida" à minha família. Espero que os meus filhos também se tornem parecidos a nós e que isto continue durante muito mais gerações. Tudo tem mais piada quando é partilhado, incluindo as personalidades e feitios.

 

(Dia 11 de 30)

Qua | 16.09.20

Com o que te preocupas realmente?

Rita

Há muitas coisas que me preocupam (é só ler o post anterior), mas, se tiver que escolher apenas uma coisa, diria que me preocupo com a saúde. Minha e dos meus. 

Eu sou uma pessoa constantemente stressada. As situações ainda não chegaram e lá estou eu a adivinhar cada problema e a tentar resolvê-lo. Não sou mãe, mas torturo-me a pensar que, se estiver longe dos meus pais, tenho que organizar um esquema de forma a que estejam presentes na vida dos meus filhos. Não faço ideia de como será o próximo ano, então faço já uma lista de coisas que provavelmente não podem acontecer e quais serão os planos B, C, D... Existem muito mais exemplos, mas não vos quero cansar (nem abrir a caixa de pandora que é a minha cabeça).

Contudo, acima de todos os meus planos, logísticas, preocupações e medos há uma coisa muito importante: a saúde. Do que é que me serve estes planos todos, se alguém não tiver saúde? É por isso que tenho tentado recolher mais informação sobre estilos de vida e alimentação. Começo por mim, para tentar responder às minhas perguntas, e tentarei inspirar os meus familiares em mudanças subtis que possam contribuir para um futuro com melhor qualidade. 

Comecei (e podem também começar) por algo simples, que me abriu logo os olhos: uma lista do que como ao longo da semana. Percebi logo que algo tinha que mudar, quando mais dias tiveram cargas grandes de açúcar do que de vegetais (Não foi uma graaaaande surpresa, mas ver por escrito doeu mais do que se a informação estivesse encostada a um canto no meu cérebro).

No final, a saúde é um grande equalizador. Temos que trabalhar para ela, e não apenas remediar as situações que aparecem. Joguemos na antecipação e previnamos. É que normalmente, e falo também em mim, só se pensa na saúde quando já não se tem.

(Dia 10 de 30)

Ter | 15.09.20

O que é que queres ver mais no mundo?

Rita

Não, não desisti do desafio. Domingo é dia de ronha geral e não me pareceu bem trair o meu sofá com o blog. Espero que compreendam. E ontem estive indisposta. Escrevi um post sobre o tópico de ontem mas ainda não me sinto preparada para o partilhar. Não me perguntem porquê, mas o meu instinto está aqui aos berros a dizer "Ainda não!!!". Respeitemos o instinto. 

A pergunta de hoje é interessante. Eu tenho sempre um friozinho na barriga quando penso no futuro. Atualmente ouvimos que, mantendo os comportamentos atuais, daqui a 20/30 anos ficaremos sem recursos naturais, toda a nossa água estará (ainda mais) contaminada com microplásticos, etc etc. Politicamente falando, a percentagem de apoio a partidos de extrema direita, é grave. Depois de anos a lutar pela liberdade e igualdade, sinto que estamos a regredir.

O que quero ver mais no mundo é o avançar.  Para mim, tornarmos avançar se nos focarmos em dois pontos: 

1. Votar em consciência. A minha geração sempre pôde votar. Quase que nos esquecemos que as coisas nem sempre foram assim. Foram anos de luta para todos termos acesso ao direito de voto. O mínimo que podemos fazer é recolhermos informação, criarmos uma opinião centrada nos nossos valores e ir votar. Dizer mal dos políticos é muito fácil, mas eles sobem àqueles cargos porque foram eleitos. Por nós. Não sabem em quem votar? Informem-se, todos os partidos têm sites com todo o seu programa. Não sabem onde votar? Contactem a vossa camâra municipal! São emigrantes, como eu? Registem-se no consulado e estejam atentos às comunicações deles no Facebook, sites, newsletters. A informação está disponível, só temos que a procurar.

2. Ser mais consciente com as nossas escolhas. Eu não sou extremista. Atualmente, na sociedade em que vivemos, é muito dificil tomarmos escolhas 100% sustentáveis ao longo do nosso dia. Por exemplo, a Alemanha a venda a granel é algo praticamente não existente portanto eu acabo por comprar muitos embalados. Mas devemos focar-nos no que podemos fazer, invés no que não podemos fazer. Deixar de usar objectos de uso único, evitar talheres de plástico/embalagens/palhinhas sempre que vamos comer fora, andar mais a pé, bicicleta ou de transportes públicos, comprar o necessário e não por impulso, evitar o desperdício alimentar (!!!!), entre tantas outras. O consumidor manda e as marcas adaptam-se. Se pararmos de comprar fruta embalada em plástico, ela desaparecerá das prateleiras.

Como a minha avó diz, não são precisas poucas pessoas a fazer muito, mas muitas pessoas a fazer pouco. Se todos dermos um passo em frente, isto fica mais fácil.

 

(Dia 9 de 30)

Sab | 12.09.20

O que é que a Rita de 10 anos pensaria da pessoa em que te tornaste?

Rita

A Rita de 10 anos era uma pessoa completamente focada na escola. Não tinha muitos amigos, mas não sentia grande falta. Mergulhava nos livros com toda a facilidade e adorava a rotina pós-escola (que sei até hoje): 

Segundas e Quartas: Natação

Terças e Quintas: Ginástica Acrobática

Sextas: Disney Channel 

Queria ser médica (anos mais tarde vim a descobrir que não lido muito bem com o ver sangue), queria ser mãe aos 27 e queria ser independente. Dizia-me a mim própria que, mal pudesse, iria sair de casa e iria financiar todas as minhas aventuras pelo mundo. Lembro-me de estar sentada no chão da sala a recortar paisagens das mil e uma revistas da minha mãe e a fazer colagens sobre todos os sítios que iria conhecer um dia. 

Acho que a Rita de 10 anos iria estar bem feliz com o que a Rita de 25 já alcançou. Não se pode queixar de faltas de aventura, ela que leia o blog! Contudo, a Rita de 25 já lhe explicou que não há cá bébés aos 27.

 

(Dia 8 de 30)

Sex | 11.09.20

Olhando para o que estás a viver agora, do que vais ter saudades?

Rita

Esta é uma pergunta complicada. Eu não consigo prever a 100% o que vai mudar no futuro, portanto não consigo prever assertivamente do que vou ter mais saudades. Arriscando a possibilidade de parecer egoísta, vou ter saudades do silêncio. Eu vivo com o meu namorado, mas somos os duas pessoas que apreciam silêncio. Adoramos passar tempo juntos, mas há momentos em que ambos sabemos que temos que estar sozinhos a fazer o que queremos. 

Eu tenho uma família muito barulhenta e adoro quando nos juntamos todos, em puro frenezim. Contudo, adoro quase tanto o silêncio pós frenezim. No céu há daquilo, só pode. Aquele momento em que ouvimos a voz dentro da nossa cabeça e que nos podemos centrar em nós próprios é maravilhoso e, provavelmente, desvalorizado pela maioria. 

Acho que é por isto que escrevo. No dia em que me esquecer da importância de parar, respirar fundo e ouvir os meus próprios pensamentos, venho aqui relembrar-me de que há muito pouca coisa tão valiosa e poderosa como o silêncio. 

(Dia 7 de 30)

Qui | 10.09.20

Do que é que vais ter orgulho?

Rita

Normalmente escrevo de manhã. Hoje de manhã não consegui. Estava com a cabeça cheia de coisas e não me conseguia concentrar neste tópico. No meio das minhas reuniões recebi um mail que confirmava as minhas suspeitas: não fui seleccionada para um emprego para o qual me candidatei. Fiquei muito triste (ainda estou), mas vai passar. É disto que eu tenho orgulho em mim, e vou ter daqui a muitos anos. Da minha capacidade de não desistir, de reagir (às vezes mais devagar, outras vezes mais rapidamente) e de ir à luta. De tentar, de cair, de levantar. (Acho que) Sei o que quero e um dia vai acontecer. 

P.S - Estou a escrever isto e apetece-me rir. Eu não sou assim tão forte como me descrevi. Atenção, continuo mega orgulhosa de mim e sou, de facto, lutadora. Mas no meio da luta há dramas excessivos, há acelerações, há mil e um planos que nunca vão dar em nada e há choros (tantos!) . Valha-me a paciência dos meus que me aturam a mim e às minhas ideias intermináveis. Portanto, se me permitirem completar a resposta, tenho ainda mais orgulho do circulo de amigos que criei e que são os melhores cheerleaders.

(Dia 6 de 30)

Qua | 09.09.20

Qual é a coisa que descobriste e que precisas mesmo de saber?

Rita

O contexto da pergunta é clarificar algo que aprendi, no passado, e que precisei mesmo de aprender, porque está na base do meu equílibrio e felicidade atuais. Eu sei o que foi, mas é difícil pôr em palavras, porque, na verdade, preferia não ter aprendido. Melhor, preferia não ter aprendido da maneira que aprendi.

Atualmente, sou uma pessoa equilibrada qb e muito agradecida. Olho para cada momento, tento estar presente e tento guardar mais memórias. Nem sempre fui assim. Antigamente, para desculpar a minha distração ou a minha aceleração para com tudo, dizia-me a mim mesma "Amanhã é outro dia, logo faço". É verdade, amanhã será outro dia, mas não podemos assumir que as oportunidades serão as mesmas. Por exemplo, não ligava logo às pessoas porque detestava (e detesto) falar ao telemóvel, deixando passar aniversários/momentos importantes. Agora ligo, sem pensar duas vezes, porque sei que ouvir aquelas vozes me vai trazer calma e felicidade. O que mudou? Eu aperceber-me que, tal como há um "Sempre", há um "Nunca mais". E, apesar de, na teoria, todos conhecermos estes conceitos, eu levei um estalo deles. Agora, tento não deixar para amanhã o que posso fazer hoje.  Há coisas que são especiais o suficiente para serem feitas hoje e agora. Sabemos como adormecemos, mas nunca sabemos como acordamos.

(Dia 5 de 30)

Ter | 08.09.20

Achaste que estarias aqui?

Rita

Tópico giro. Tive que sorrir quando li a pergunta. É algo que penso frequentemente. Penso na minha sorte de estar onde estou e como não valorizo isto a 100%, porque quero sempre mais. Há coisa de 2 anos, meti na cabeça que queria mudar-me para a Alemanha. O meu namorado estava cá e, para ter uma experiência profissional internacional, ou seria naquela altura ou não era. Gostava do meu trabalho mas não me via a fazer aquilo durante muito mais tempo. Parecia que me estava tudo a "empurrar" para vir. Ignorei as saudades que iria ter da minha família e amigos. Sabia que ia doer (mas não tanto). Contudo, achei, e continuo a achar, que não poderia ficar lá só pelos meus amigos e família. Tal como não poderia vir só pelo meu namorado. Tinha que tentar ignorar todo o feedback exterior e perceber o que queria. E eu queria aventura. Queria ter esta experiência e olhar para trás sem nenhum arrependimento. 

Nem por acaso, ontem subi a um ponto mais alta e vislumbrei toda a minha zona. Respirei o ar da floresta e senti-me mesmo sortuda. Pessoalmente, vivi experiências que me levaram ao limite. Agora sei que nem o limite me destrói e que a minha família e amigos são (ainda mais) incrivéis. 

Não achei que estaria aqui, e estou muito agradecida à Rita de 2019 que fez as malas e veio. Miúda, isto está a ser uma grande viagem.

(dia 4 de 30)

Seg | 07.09.20

O que aprendeste esta semana?

Rita

O meu irmão vai fazer 30 anos daqui a 2 semanas. Estou super orgulhosa dele. Aos 29 finalmente encontrou o emprego que o entusiasma, que o faz querer ser melhor e que o faz acordar feliz. Custa-me muito não estar lá perto para a celebração de uma idade tão bonita. Há um ano ninguém celebrou aniversários. Ele merece uma celebração incrível e farei todos os possiveis para o ajudar, à distância. Na semana passada especificamente, relembrou-me os conceitos de perseverança e ambição. Ele já tem o emprego que queria, e continua todos os sabádos a fazer um novo curso. Ele contenta-se com o emprego que tem, mas quer ser melhor. Quer ultrapassar expectativas. Não se encosta ao conforto da posição porque, infelizmente, ele já sabe o que é lhe tirarem o chão dos pés. Fez-me olhar para mim e pensar: será que estás a lutar suficientemente por ti? Não estou. Mas vou, mano. Prometo que vou.

(Dia 3 de 30)

Dom | 06.09.20

Do que sentes mais saudade?

Rita

Saudade é um sentimento agridoce. A saudade é capaz de nos transportar para tempos mais felizes, relembrar risos e abraços apertados mas também nos "grita" que esses momentos já passaram e não vão voltar mais. Tenho muitas saudades do tempo em que pensava que os meus pais eram invencivéis. Poderia cair o carmo e a trindade, mas a minha Carmo e o meu Paulo estariam sempre firmes e hirtos. Sou uma sortuda por ter uma relação incrivel com os meus pais. Sempre que os vejo a esquecerem-se de alguma coisa (por mais tonta que seja), ou mais cansados no geral, o meu coração aperta. Sinto que devo valorizar cada micro segundo que tenho com eles. Uma das minhas memórias favoritas dos meus pais é de Agosto deste ano. Eu estava na cozinha a lavar a loiça do almoço e ouvi risos vindos da sala. Quando espreito, estavam eles abraçados no sofá, felizes nos braços um no outro. Que eu possa presenciar o amor deles por muitos mais anos e criar mais memórias favoritas. Porque é,  e vai sempre ser, do que vou ter mais saudade.

 

(Dia 2 de 30)

Pág. 1/2