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A Casa da Cabrita

A saga da (recente) maternidade, da (não tão recente) emigração, de uma relação intercultural e do caos que é viver entre Portugal e a Alemanha.

A Casa da Cabrita

A saga da (recente) maternidade, da (não tão recente) emigração, de uma relação intercultural e do caos que é viver entre Portugal e a Alemanha.

Eu sou católica e aceito a eutanásia

Rita, 11.02.20

Durante muitos anos, fui à missa todos os Domingos com a minha avó. Aos sábados tinha 1h de catequese. Fui escuteira. Fui batizada, fiz a primeira comunhão e a profissão de fé. Até fiz parte de uma tuna religiosa, onde aprendi a tocar cavaquinho. Mas sempre tive dificuldade em acreditar nos testamentos, na história, nas crenças. Aquilo parecia-me, e parece-me, tudo questionável. Felizmente, sempre tive catequistas e um padre que apoiavam a minha vertente crítica. Que me motivavam para manter a minha mente aberta e a desenvolver vários pontos de perspectiva. A catequese ajudou-me muito a perceber o que é empatia. Mas sei que não é assim em todo o lado. Há pessoas que vêm no cristianismo tudo o que é certo. E tudo o resto é errado. 

A pergunta que me fez sempre confusão é: acreditas em Deus? E a minha resposta é não. Aliás, preferia dizer que não sei. Mas sendo uma pergunta de sim ou não, sinto que ao não conseguir dizer que sim, tenho que dizer que não. 

A verdade é que, sempre que há algo que me foge ao controlo, gosto de imaginar uma força maior que saberá o que está a fazer e que nos vai "guiando". Isto sou eu a tentar tornar uma situação incontrolável controlável. Houve muitos momentos em que senti necessidade de falar com essa força maior. Quase que para exteriozar o que sentia. E começo sempre com um "Olá, Deus". Sinto-me sempre parva quando digo essa frase. Porque, lá está, eu não acredito que alguém me estará a ouvir. Mas o falar alto ajuda quase sempre. Portanto, de certa maneira, lá está a força maior a ajudar. 

As minhas maiores inspirações em termos religiosos são as minhas avós. Ambas acreditam fortemente na Igreja e nos valores que apresentam. Mas também conseguem ver para além disso e aceitar outros estilos de vida. Só querem ver felicidade à volta delas. Por exemplo, ambas têm algumas dificuldades em aceitar relações homossexuais, mas acreditam que todos devem ter o direito ao casamento e a expressar o seu amor livremente. 

Hoje li que a igreja Católica decidiu apoiar as iniciativas contra a despenalização da eutanásia. Também li a quantidade de comentários de pessoas a favor e a contra. Comentários feios e sem tacto. Cheios de ódio gratuito. Pessoas a generalizar que todos os católicos são contra a despenalização da eutanásia.

Eu sou a favor. As pessoas podem e devem tomar a decisão por elas. Obviamente que com o devido apoio e acompanhamento. Quando vejo cartazes a dizer "Não mates, cuida", treme-me a vista. Não pode haver uma generalização do conceito. O objectivo da eutanásia não é matar as pessoas. É ajudar um doente terminal a tomar controlo sobre a sua situação, com o mais conforto possível. A eutanásia pode fazer sentido para a pessoa A e não para a pessoa B. Mas ambas devem ter a possibilidade de tomar uma decisão informada. 

Informação acho que é a palavra chave. Nos dias de hoje as pessoas esperam que a informação apareça toda em segundos e facilmente. Estamos preguiçosos. Contudo, para formarmos uma opinião, temos que pesquisar. Temos que ler, temos que filtrar e temos que ter a capacidade de ter uma mente aberta durante o processo. Sejam a favor ou contra a despenalização da eutanásia, que o sejam informados. E, se o referendo acontecer, vão votar e expressem a vossa opinião no sítio que realmente interessa. 

 

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